A Telexfree não voltar às atividades e é umapirâmide financeira e não de um negócio regular. A conclusão, preliminar, é do gestor judicial nomeado pelo governo norte-americano no processo de recuperação judicial do grupo, acusado de montar uma fraude bilionária disfarçada de venda de VoIP com atuação em pelo menos três continentes.
Divulgação/Corte de Falências dos Estados Unidos
"O gestor judicial não tem nenhuma intenção de reorganizar ou reativar os negócios [da Telexfree, Inc, e da Telexfree, LLC., as principais companhias do grupo]", escreveu Stephen Darr. "O gestor admite que os réus operavam um esquema Ponzi/pirâmide."
As declarações, feitas numa ação judicial em que a Telexfree é acusada de ser pirâmide financeira, indicam qual deve ser o parecer de Darr à Corte de Falências de Massachussetts, que decidirá sobre o pedido de recuperação judicial feito pela empresa.
Caso mantenha a posição de não iniciar uma recuperação judicial da Telexfree, Darr poderá pedir a liquidação das empresas do grupo ou a venda de seus ativos para pagar os credores – como computadores, softwares, imóveis – , diz Jeffrey Kitaeff, advogado de Massachussetts que já exerceu o papel de gestor judicial em outros casos.
A sede da Telexfree é um escritório alugado.
Investidores que lucraram podem ter de devolver dinheiro, diz especialista
Kitaeff ressalta também que o gestor judicial poderia tentar recuperar o dinheiro que foi pago a quem lucrou com o negócio, se ficar provado que esses recursos vieram de outros investidores que entraram mais tarde.
"Digamos que você investiu US$ 500 e recebeu US$ 750. Pode ser que você tenha de devolver o que recebeu a mais do que investiu", afirma Kitaeff ao iG. "O gestor judicial pode dizer: você recebeu dinheiro que a empresa não lucrou efetivamente, mas dinheiro de outros investidores."
Segundo o especialista, essa prática já foi adotada no caso Bernard Madoff, condenado por montar uma pirâmide que causou prejuízos de US$ 17 bilhões em 16 anos – a Telexfree teria reunido aproximadamente US$ 1,3 bilhão, mas em menos de dois anos, segundo dados da Secretaria de Estado de Massachussetts.
Em sua análise entregue à Justiça, Darr afirma que "aparentemente, os investidores iniciais foram pagos não com as vendas do serviço de VoIP, mas com o dinheiro recebido dos investidores que entraram mais tarde, o que evidencia um clássico esquema de pirâmide financeira."
Procurados por e-mail, os representantes da Telexfree não se pronunciaram, mas num comunicado disponível no site desde maio a empresa já admitia não saber se seria possível retomar às atividades. Seus representantes sempre negaram irregularidades.